domingo, 9 de outubro de 2011

Desejos da anormalidade

"Desejo lhes uma semana inspiradora, de paz e serenidade.


Desejo-lhes a coragem para experimentarem sair um pouco da conhecida normalidade.


Olhar de frente suas deficiênscias como as poetiza Mario Quintana (abaixo).


Desejo-lhes um tanto de loucura. Porque o mundo precisa dos loucos que sonham, defendem a vida, cultivam jardins, abrem caminhos, se deliciam com a vida e se lambusam de cores, mesmo quando tudo parece cinza.


Convido vocês a não serem tão normais. Porque na normalidade estão incluídas tristes manias como a pergunta: “E eu com isso?”


Eu prefiro não ser normal e continuar desejando um “Bom dia” ao motorista de ônibus, ceder lugar no ônibus ou metrô mesmo que eu não esteja sentada em um daqueles bancos reservados para idosos ou gestantes.  


Prefiro a anormalidade de esquececer um pouco do celular quando alguém quer a minha atenção e a anormalidade de ter amigos queridos e não cinco mil amigos virtuais.


Prefiro  a anormalidade porque continuo acreditando que faço parte deste mundo juntamente com outras tantas pessoas que são meus irmãos e irmãs mais queridos mesmo que eu não os conheça.


Nosso corpos estão pedindo por mais alma, estamos é deficientes de amor e gentileza. "


 (Pª Vera Cristina Weissheimer - Capelã Hospital Alemão Oswaldo Cruz - SP)


DEFICIÊNCIAS - Mario Quintana (escritor gaúcho 30/07/1906 -05/05/1994)

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.

"A amizade é um amor que nunca morre. " Mário Quintana


(Por: Edeltraud F. Nering)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Análise do Filme Cisne Negro

                                ANÁLISE DO FILME CISNE NEGRO – Por Miriam Salete

                                              



Alguns termos estão grifados em vermelho. Esses termos são conceitos da psicologia analítica e são explicados no final do texto. Quem não tem familiaridade com o significado desses conceitos vale a pena ir até o final do post.

Para quem já assistiu, talvez esse post ajude no entendimento de alguns elementos do filme, afinal ele é um thriller psicológico, dirigido por Darren Aronofsky  e que se utiliza de elementos da psicologia junguiana para dar corpo ao desenvolvimento da personagem principal, a bailarina Nina.

O Cisne Negro levou um oscar merecido ontem, de melhor atriz, para Natalie Portman. Esses tempos li uma entrevista da atriz em que ela diz que fazer esse papel realmente mexeu com ela.

O filme começa com um sonho de Nina (interpretada por Natalie Portman): ela fazia o papel principal no balé “O Lago dos Cisnes”. O sonho tinha um ar sombrio, e lá aparecia Rothbart, um mago que se apresentava como uma ave negra. Talvez um verdadeiro prenúncio psíquico do processo de transformação (individuação*) que a bailarina viveria. No sonho ela é uma mulher que foi transformada em um cisne, e que só o amor do príncipe poderia quebrar esse feitiço. Mas o príncipe se apaixona pelo cisne negro, e então o cisne branco se mata.

E essa acaba sendo a história do filme. Mas o que eu gostaria de colocar aqui é que a beleza dessa história aparece quando vemos seu desenrolar não como algo concreto e externo, mas sim como um processo psicológico que vai se apresentando através de símbolos.

No mesmo dia em que teve o sonho ela vai a companhia de Ballet. No caminho, muito sutilmente, podemos perceber que ela vê seu reflexo na janela do metrô de uma forma diferente. Nesse momento vemos a projeção de sua sombra* em sua imagem, como se fosse outra pessoa.


Nina demonstra um comportamento infantil, inocente, é muito ligada à mãe (e a seus desejos) e perfeccionista. A mãe é superprotetora, uma ex-dançarina que deixou o sonho de tornar-se uma bailarina famosa quando sua filha Nina nasceu. Por aí já percebemos o quanto a personagem principal vive em função dos desejos da mãe. Ela é a representação da busca pela perfeição.

A personagem tem um andar rígido. Ao chegar no ballet fica sabendo que o diretor Thomas (Vincent Cassel) fará uma versão de “O Lago dos Cisnes” e que procura uma bailarina que seja capaz de representar o cisne branco e o cisne negro. Nessa versão ele almeja uma execução visceral.


Nina é uma bailarina com muita técnica, disciplina, mas com pouca espontaneidade e sensualidade. Thomas sabe que ela seria certa para o papel do cisne branco, mas duvida de sua capacidade para fazer o cisne negro, justamente por sua atitude engessada e infantil.

Depois dos testes, a bailarina vai conversar com o diretor, e esse sempre a provoca, inclusive sexualmente, para que sua aluna desenvolva as características que estão em sua sombra – sensualidade, agressividade, espontaneidade – enfim, o lado visceral que Thomas quer apresentar em sua montagem de “O lago dos cisnes”. Nina nessa conversa é beijada “a força” pelo diretor e o morde nos lábios. E é essa atitude que lhe garante o papel principal. É como se nesse momento Thomas tivesse enxergado em Nina um pouco daquilo que ele buscava.

Os ensaios começam. A personagem é pressionada fisicamente e emocionalmente pelo diretor, por sua mãe superprotetora, pelas colegas com inveja e pela presença de sua rival – uma bailarina excitante e visceral – interpretada por Mila Kunis. Em suas costas a pele vai sendo marcada (provavelmente por ela mesma) no lugar do crescimento de suas “futuras asas”. A pele tem toda uma questão com o contato. É um órgão que expressa nossas angústias e transformações.

A personagem de Mila Kunis é aquilo que Nina não é. É a personificação de sua sombra. E é se aproximando dessa rival durante uma noite que Nina vai experimentando a integração de sua sombra. Ela vai se despojando de sua persona* perfeitinha para ser aquilo que é. Rompe com a mãe, transgride o “politicamente correto”, vive sua sexualidade, e vai se tornando uma mulher. Em uma cena as duas bailarinas transam – no delírio de Nina – e simbolicamente esse seria o momento da consumação da integração com a sombra.

Nessa altura do filme a personagem parece estar perdendo sua capacidade de discernir realidade de fantasia. Concretamente seria como se a bailarina estivesse entrando em um quadro psicótico. Simbolicamente sua transformação está a mil, seus aspectos sombrios lhe trazem força, e seu animus* (representado pelo diretor do Ballet) lhe impulsiona para tornar-se inteira.

Durante a noite de estréia Nina vive entre a realidade e a fantasia. Sua execução é perfeita e ousada, é como se encarnasse nos palcos tanto o cisne negro quanto o cisne branco. Em seu delírio seu corpo vai se transformando, adquirindo asas no lugar de braços, penas, olhos, enfim, ela é o cisne. E no final da apresentação, quando o cisne branco sobe as escadas para se matar vemos um disco dourado ao fundo – símbolo do self* – e ali se expressa o momento mais lindo de todos. A morte do ego, o encontro com o self e a percepção da personagem de que sim, ela foi perfeita. Essa morte quando é vista como algo simbólico se torna algo divino, lindo, o próprio amor que salva… ali seu inconsciente se realizou.



A perfeição não está em desempenhar perfeitamente um papel. A perfeição é ser inteiramente aquilo que se é. Lembrem-se: só podemos crescer para o lado que ainda não fomos. Essa é uma história sobre transcender o meramente humano.



O filme trabalha muito com as cores atribuídas ao processo de individuação também: o preto (nigredo) que simboliza o estado de confusão, o branco (albedo) que representa um estado de maior clareza da psique e o vermelho (rubedo) que aparece na cena final, com o sangue da bailarina, que representa o estado de iluminação e realização da psique.





Termos:



* individuação: processo de desenvolvimento psíquico, que diz respeito à integração do consciente com o inconsciente. É quase como se fosse um caminho para a iluminação.



* sombra: personificação de aspectos do psiquismo que são rejeitados pelo indivíduo. É aquilo que somos e que não combina com a persona.



* persona: é a forma como nos apresentamos ao mundo. Podemos dizer que é um personagem, mas nem sempre temos a consciência de que somos mais do que papéis.



* animus: personificação masculina na mulher, faz a ponte entre o ego e o self.



* self: centro organizador da psique, representa a totalidade e a unidade do ser.



"Quando a verdade é substituída pelo silêncio, o silêncio é uma mentira" Eugeny Yevtuchenko





AUTORA: MIRIAM SALETE

Practitioner de Florais de Bach (registro: BZP - 2001 - 0829A), ou seja, formada segundo as exigências do Instituto Dr. Edward Bach do Brasil que tem vinculação direta com o Bach Centre da Inglaterra.( Practitioner: profissional capacitado para enxergar melhor o potencial adormecido do seu clienteAlém de Practitioner, é também pós-graduada em Psicossomática pela Faculdade FACIS-IBEHE, Psicoterapeuta e especialista em Psiconeuroendocrinoimunologia, Psicologia Analítica, Análise Junguiana e Educação Emocional.


quinta-feira, 31 de março de 2011

ENTREVISTA PUBLICADA NA REVISTA ON-LINE ATOS

ENTREVISTA PUBLICADA NA REVISTA ON-LINE ATOS  ( http://www.atospsicologia.com.br/index.php)
 Prof. Dr. Jorge Zacharias
Atos: Como se deu seu primeiro contato com a Psicologia Analítica?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Durante a graduação. No terceiro ano tivemos a disciplina Teorias da Personalidade e nossa professora abordou Jung dentre outros autores. Uma de nossas colegas, Zilda Kawal, estudava e fazia análise há algum tempo. Quando entrei em contato com a teoria me identifiquei com seus postulados de imediato e esta colega me emprestou o livro O Homem e Seus Símbolos em espanhol. Esta foi minha primeira leitura, as seguintes foram Memórias, Sonhos e Reflexões e Psicologia do Inconsciente. A partir disto continuei as leituras e me encaminhei para o mestrado e doutorado com o tema tipos psicológicos, fiz análise e formação de analista na AJB.
Atos: Qual a visão de homem que esta abordagem tem?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Jung afirma que somos, ao mesmo tempo, individuais e coletivos. Além disto, cada indivíduo é uma interação entre natureza e cultura. Nós temos de lidar com aspectos conscientes e pessoais que envolvem as relações sociais do contexto ambiental: o mundo, a sociedade com seus valores e os outros. Temos de lidar com os aspectos inconscientes pessoais: conteúdos reprimidos ou recalcados, experiências desagradáveis, sentimentos e pensamentos inadequados ao nosso contexto social e padrões repetitivos. Ainda temos de lidar com conteúdos inconscientes culturais e coletivos, estruturas arcaicas que se expressam em símbolos e imagens, muito evidentes nas artes e nas religiões e que representam a experiência humana com eventos fundamentais da existência: a mãe, o pai, a morte, o nascimento, o herói, o feminino e o masculino, o sagrado. A estas estruturas Jung denominou arquétipos.
Atos: O que diferencia a Psicologia Analítica da Psicanálise tradicional?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Jung pode ser considerado como um dos primeiros humanistas, ao lado de Maslow e Rogers. A psicanálise tem forte tendência reducionista em sua concepção do humano. Freud, nos primórdios, considerava a libido como energia psíquica que se dirige exclusivamente para a busca do prazer, reduzindo a tensão causada pelo desejo. O primeiro a discordar desta idéia foi Alfred Adler que preferia ver o impulso fundamental em busca do poder e não do prazer. No contexto da psicanálise o sentimento de abandono e o foco no complexo de Édipo se tornaram a pedra de toque para a análise. Seguindo por este caminho pode-se desfazer as ilusões e as fantasias narcísicas resultando na idéia de que a cultura e a civilização são frutos de repressão e sublimação da busca original por prazer, não tendo, em si mesma, um sentido e significado. Quando Jung iniciou sua colaboração com o mestre de Viena, Jung nunca foi discípulo de Freud, de início já discordou desta abordagem, pois não acreditava que toda a produção da cultura – arte, ciência, filosofia e espiritualidade – fosse uma grande farsa desprovida de significado. Depois de compreendidas as fantasias e retiradas as projeções a abordagem analítica procura uma síntese, ou seja, o sentido e significado da vida nas dimensões individuais e coletivas. Outra grande diferença é a presença de conteúdos psíquicos coletivos que determinam padrões de imagens e emoções, os arquétipos, além da tendência natural da psique à auto regulação, denominada Si-Mesmo ou Self, que orienta o desenvolvimento psíquico para o significado da vida.
Atos: Em sua opinião, qual foi a principal contribuição de Jung para a Psicologia?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Foram várias. A sistematização das diferenças individuais ou a teoria dos tipos psicológicos; a conceituação e demonstração da existência de conteúdos arcaicos na psique individual, os arquétipos, e ampliação do campo do inconsciente pessoal para coletivo; a conceituação do dinamismo dos princípios masculino e feminino em todas as pessoas, ao que chamou de Anima/Animus; na análise de sonhos, a ampliação da técnica de associação para inserir a amplificação; utilização de processos criativos, hoje conhecidos como arteterapia, na investigação de conteúdos inconscientes; conceituação do Si-Mesmo, o núcleo regulador da psique; compreensão do impulso religioso, não patológico e sim criativo, da psique; valorização da pessoa e sua dinâmica com os conteúdos inconscientes e não no aspecto reducionista do diagnóstico psiquiátrico; ofereceu subsídios para se compreender a psicologia das massas e das transformações culturais dentre outras.

Atos: Qual a concepção de clínica para a Psicologia Analítica?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: A análise não foca especialmente sintomas. Estes são entendidos como sinais de conteúdos mais profundos a serem compreendidos, assim como a febre não deve ser o foco do tratamento, mas localizar a origem do processo febril. Em análise a primeira etapa é mais terapêutica partindo-se do sintoma e suas associações. Quanto mais se aprofunda no sintoma chega-se ao contexto psíquico da pessoa, que é interacional envolvendo o todo e não somente uma parte. Não se pensa o indivíduo sob o ponto de vista mecanicista, em partes, mas no todo de sua personalidade e vivências pessoais. Uma questão inicial é: qual a função do sintoma no contexto geral? Entendemos que o sintoma é uma tentativa malsucedida da psique encontrar a homeostase.
Atos: Em quais áreas de atuação a Psicologia Analítica se faz presente em sua prática?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Podemos citar, em primeiro lugar, a atuação clínica. Embora originalmente estabelecida no processo de análise individual, hoje há muitos estudos no sentido de utilizar a abordagem em aconselhamento psicológico e terapia familiar. Outra área é a de recursos humanos nas organizações, em que a teoria dos tipos psicológicos é muito utilizada em adequação profissional, análise de função, seleção, coaching, orientação de carreira e mentoring. A teoria dos arquétipos tem servido igualmente para a análise de cultura organizacional. Em educação a teoria dos tipos tem auxiliado na estruturação de planos de aula e na orientação vocacional, além de ampliar a relação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem. Em psicologia social a teoria corrobora com a análise e de movimentos de massa, tendências mercadológicas, em marketing e na compreensão de movimentos culturais.

Atos: Quais as técnicas desta abordagem que você se utiliza?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Utilizo a análise verbal, expressões gráficas, análise de sonhos e instrumentos como QUATI, avaliador de tipos psicológicos e o exercício Mandala de Palavras, ambos da editora Vetor.
Atos: Você realiza o trabalho analítico com a utilização de Sandplay? Se sim, conte como é realizado.
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Não me utilizo da técnica do Sandplay.
Atos: Existe algum curso específico para trabalhar com o Sandplay?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Sim, há vários cursos. Os que posso indicar por conhecer bem o trabalho é o das psicólogas Lunalva Chagas e Dra. Elizabeth Zimmermman do Instituto de Psicologia Analítica de Campinas – IPAC, www.ipacamp.org.br .
Atos: Você poderia falar um pouco da relação entre a Psicologia Analítica e as manifestações artísticas de pacientes psiquiátricos? A Psicologia Analítica concebe a Arte como uma forma de manifestação dos conteúdos inconscientes nesses pacientes?

Prof. Dr. Jorge Zacharias: Toda produção humana, exceto as fisiológicas, é psíquica. As artes são manifestações da psique individual e coletiva, tanto mais conscientes ou inconscientes. Os pacientes psiquiátricos produzem uma série de imagens que, não sendo artistas e por isto carecendo de técnica, tem seu grande valor na concretização de conteúdos inconscientes. Pelo fato destes conteúdos serem projetados no mundo externo fica mais fácil sua elaboração e compreensão. Vale lembrar que esta técnica é útil igualmente para todas as pessoas, e não somente para pacientes psiquiátricos. Quem primeiro demonstrou sua aplicação no Brasil foi a pioneira Dra. Nise da Silveira no Hospital de Engenho de Dentro no Rio de Janeiro. Uma pesquisadora atual neste campo é a Dra. Sonia Tommasi que, em seu livro Arteterapia e Loucura, editora Vetor, explana sua experiência no Hospital Psiquiátrico do Juqueri em São Paulo.


Atos: O que a Psicologia Analítica compreende por processo de individuação? Qual a contribuição da psicoterapia para esse processo no indivíduo?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: Ao pé da letra individuação significa tornar-se aquilo que você é. Este é um processo, um caminho, um devir e não um lugar onde se pode ficar. O processo inicia-se com a desidentificação da persona, isto é, diferenciar-se dos papéis sociais introjetados. Depois a investigação dos conteúdos do inconsciente pessoal e sombra, reconhecendo elementos que não gostaria de ter ou ser, além dos complexos ali constelados. Segue-se o encontro com a contrapartida masculina ou feminina, Anima/Animus e finalmente o encontro com o Si-Mesmo, o que poderia equivaler metaforicamente a encontrar-se nu diante de Deus. O indivíduo sem status, família, sociedade, fantasias, projeções e ilusões acerca de si. Devo ressaltar que o processo de individuação não torna a pessoa individualista, pelo contrário, quem está firmemente aferrado ao ego é individualista; quando se conecta ao Si-Mesmo, que é coletivo, compreende sua inserção no todo da sociedade e no universo, reconhecendo-se parte e não o centro do mundo.


Atos: Você poderia indicar institutos de formação em Psicologia Analítica? Onde os interessados poderiam encontrar referências?
Prof. Dr. Jorge Zacharias: No Brasil temos duas sociedades reconhecidas pela International Association for Analytical Psychology – IAAP com sede em Zurique. São elas a Associação Junguiana do Brasil –AJB, www.ajb.org.br e a Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica – SBPA, www.sbpa.org.br . Estas associações tem programas de formação de analista que tornam os participantes reconhecidos por Zurique. Em várias cidades temos institutos ligados a AJB, Campinas, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador. Estes institutos ministram a formação de analistas. Existem outras associações independentes como Clínica Paeon em São José dos Campos, Himma, Sizígia, Junguianos Nômades e Rubedo entre outras.


Entrevista com Prof. Dr. José Jorge de Morais Zacharias, psicólogo, analista junguiano e autor do teste QUATI (Questionário de Avaliação Tipológica)
CRP/06 16.104-9